Recortes & Leituras

<font color=0094E0>Maio sempre actual</font>

Em diferentes momentos, o PCP destacou a importância da celebração do 1.º de Maio. Em condições muito distintas, o traço comum tem sido a intensa ligação das origens aos objectivos da luta dos trabalhadores na actualidade. Aqui deixamos apenas alguns exemplos, separados por décadas e unidos na intervenção presente.
Nem com a morte

(...) «As grandes manifestações do 1.º de Maio sempre mobilizaram a actividade do nosso Partido e as concentrações que se conseguiram na luta contra o regime fascista, tanto nas grandes cidades como noutras localidades do País, demonstraram a consciencialização das classes trabalhadoras, que nunca se vergaram perante a repressão.»
(...) «Todas as manifestações do 1.º de Maio no nosso país se deveram, única e exclusivamente, à mobilização feita pela vanguarda revolucionária das classes trabalhadoras. Eram as pinturas nas paredes, as distribuições de panfletos pelas ruas e transportes públicos, toda uma campanha de agitação a preparar a grande jornada de luta das massas trabalhadoras.
Mas também aqui o trabalho não se fazia sem sacrifícios. Muitos camaradas nossos foram presos durante as campanhas de agitação. Outros foram mortos quando participavam nas manifestações contra o regime fascista, o qual não hesitava perante todos os meios para tentar calar a voz dos trabalhadores. Foi o que sucedeu durante as grandiosas manifestações do 1.º de Maio de 1962» (...).
«Em Aljustrel, quando se realizava um grande comício para comemorar o 1.º de Maio, as forças repressivas intervieram e prenderam dois operários que falavam aos seus camaradas e, como se desencadeasse um movimento de protesto, por parte dos trabalhadores, que se recusaram a admitir as prisões, as forças repressivas dispararam sobre os trabalhadores, matando os mineiros António Adângio e Francisco Madeira e ferindo mais quatro trabalhadores, entre os quais uma mulher. Nesse mesmo dia, em Lisboa, que se encontrava coalhada de manifestantes, desde o princípio da tarde, os assassinos da PIDE não hesitaram em matar cobardemente o operário Estêvão Giro.» (...)

«Nem com a morte o fascismo impediu a luta do 1.º de Maio» era o título de uma peça publicada no Avante! de 1 de Maio de 1975, em duas páginas dedicadas a tratar «O 1.º de Maio na luta do povo e do PCP durante os anos da ditadura fascista»


República sem melhorias

(...) «Em 1910 é proclamada a República.
As acções grevistas multiplicaram-se e muitas delas terminam com significativas vitórias. O governo republicano fixa novas leis que consagram a redução do horário de trabalho. As comemorações do 1.º de Maio vão-se transformando fundamentalmente em jornadas de protesto e de luta.
Na verdade, com a instauração da República, o movimento operário no nosso país não passou a contar com menores dificuldades para as suas reivindicações. Em 1911, é desencadeada uma forte repressão contra os operários de Setúbal; em 1912, é declarado o estado de sítio em Lisboa, é encerrada a Casa Sindical e são presos centenas de trabalhadores; em 1913, é proibido o cortejo comemorativo do 1.º de Maio.
Nos anos seguintes, esta situação de confronto mantém-se e chega mesmo a agudizar-se no período da I Grande Guerra.» (...)

Excerto do artigo «O Centenário do 1.º de Maio», publicado n' O Militante, em Abril de 1986


Ofensiva desvirtuadora

«Desde o momento em que o congresso fundador da II Internacional proclamou o 1.º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador que se desencadeou a ofensiva do grande capital contra essa jornada de luta. Através da proibição na lei da organização e da acção dos trabalhadores, da repressão policial e militar, da provocação e do divisionismo. E, igualmente, através da ofensiva ideológica, procurando diluir e desvirtuar os objectivos de combate que são parte integrante do 1.º de Maio.
A celebração do 1º de Maio antes de esse dia ser conquistado como dia feriado em muitos países (em Portugal essa consagração tardou 85 anos) teve sempre o significado de uma paralisação geral do trabalho. É um dia de convergência das lutas dos trabalhadores, e é nessa luta que reside a sua força e o seu significado fundamental. Por isso o patronato, com a ajuda do sindicalismo conciliador, procurou diluir esse aspecto essencial desta jornada, tornando-a - onde não podia reprimi-la - em jornada “de descanso” e de “recreação” e, como foi tentado em diversas ocasiões, remetida para o domingo seguinte, para a separar da paralisação do trabalho.
Outro elemento de desvirtuação consiste na tentativa de “despolitizar” as lutas e as reivindicações dos trabalhadores e, portanto, o 1.º de Maio. No “Manifesto”, Marx e Engels sublinham o essencial: toda a luta de classes é uma luta política. Se os trabalhadores que se deixassem embalar pelas tentativas de “despolitização” da sua luta estariam a aceitar entrar desarmados num combate em que o adversário trava uma luta política de vida ou de morte: a da vida ou da morte de um sistema que tem no seu cerne a exploração implacável do trabalho. O Portugal de Abril que tem uma das suas mais sólidas raízes no 1.º de Maio revolucionário de 1974, tem aí o testemunho inesquecível de que o 1.º de Maio é sempre, necessariamente, luta e acção política.
Outro elemento de desvirtuação consiste na sobrevalorização dos aspectos comemorativos e festivos do 1º de Maio e na diluição das suas reivindicações fundamentais, que são as do trabalho, num conjunto de reivindicações “transversais” e desprovidas de sentido de classe.»

Excerto de «A ofensiva ideológica contra o 1.º de Maio», um dos capítulos que constituem o dossier publicado esta semana no sítio do PCP na Internet


Dia da consolidação

(...) «O 1.º de Maio de 1974 é um 1.º de Maio de características muito particulares na luta pela consolidação do regime democrático em Portugal.
É preciso não esquecer que o Spínola tentava abafar tudo aquilo que fosse movimento popular, que ele se esforçava por impedir que as massas populares viessem para a rua, que participassem com os militares, nesses primeiros dias, na consolidação do 25 de Abril, e havia muitas coisas que indicavam que o Spínola não estava nada interessado em abrir para uma grande manifestação no 1.º de Maio.»
(...) «Nesses dias foi feita uma grande discussão na Cooperativa Esteiros, aqui na Rua Braancamp, era o quartel-general do movimento operário nessa altura - do Partido, do MDP, da Intersindical, toda a gente reunia ali na Esteiros. E posso dizer que foi uma luta difícil, porque havia tendências, no próprio movimento sindical, de fazer do 1.º de Maio uma acção estritamente operária e sindical. E teve de travar-se uma batalha, que foi uma batalha até ao último minuto, para que vencesse a outra tendência, na qual nós, os comunistas, estávamos interessados, de fazer do 1.º de Maio uma grande jornada política, com a participação dos partidos políticos.» (...)

Afirmações de António Dias Lourenço, director do órgão central do PCP e membro da Comissão Política do Partido, na mesa-redonda «A experiência vivida na primeira linha do combate», publicada no Avante! de 30 de Abril de 1986, e em que também participaram Álvaro Rana, Carlos Fraião, Vítor Ranita e Vítor de Sá


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